sábado, 10 de setembro de 2011

O Ramal abandonado

Ala de Bueiro (Armazém) Vista de perto
 O Ramal da Estrada de Ferro Central do Brasil, construído a partir da estação ferroviária de Benfica(hoje bairro de Juiz de Fora), ligou durante 46 anos as cidades de Lima Duarte e Juiz de Fora. Seu objetivo inicial era interligar a Zona da Mata ao Sul de Minas. Naquela época, quem estivesse por exemplo em Juiz de Fora e desejasse ir à Caxambu ou São Lourenço, teria duas opções: Subir de trem até Barbacena, de lá pegar a Estrada de Ferro Oeste de Minas, que passava por São João Del Rei até Aureliano Mourão e de lá descer pela Rede Mineira de Viação até Caxambu e São Lourenço. Outra saída era descer pela Estrada de Ferro Central até Barra do Piray e de lá subir a serra, via Santa Rita de Jacutinga , Bom Jardim de Minas, pegando o Ramal de Soledade da Rede Mineira de Viação, que seguia no sentido da atual cidade de Liberdade. Pelos dois trajetos,usando os meio de transporte mais rápido (trem), era viagem para dia inteiro), o que hoje fazemos em duas horas, de carro.
Ala de Bueiro no local conhecido como Armazém
Dessa forma a idéia de interligar a Mata ao Sul pelo Vale do Rio do Peixe, foi assunto obrigatório nas rodas políticas e imprensa da época. Nesse intuito, foi atacado o primeiro trecho, entre Benfica e Lima Duarte, inaugurado oficialmente em 1º de Março de 1926. As obras no entanto, se prolongariam por pelo menos mais 4 anos, tendo gerado a partir da estação de Lima Duarte (Barreira) mais oito quilômetros  de leito. Desde pequeno, ouvi dizer dos mais velhos que a estrada de ferro em direção à Bom Jardim de Minas seguiu por local diverso do que hoje vemos (Bairro Cruzeiro, Poço da Pedra, Perobas...) E assim, confirmadas as "falas do povo", saí em busca das evidências materiais. As informações orais relatavam que a estrada, fugindo dos custos onerosos dos grande viadutos gerados sobre o Rio do Peixe, atravessaria para a margem esquerda deste seguindo em direção São José dos Lopes, de onde atingiria a região de Capoeira Grande. Nesse sentido, foram escavados cortes e executados aterros no  local conhecido como Ponte Funda, (Fazenda do Zezeca de Paiva (pai de Helton Paiva e Conceição Paiva (Santinha), situada do outro lado do Rio do Peixe, no fundo do Bairro Nova Era. Daí, o leito prosseguiu, passando por onde é a casa dos herdeiros do José Pracídio. Há aí, uma ala de bueiro feita em pedra argamassada, abaixo do atual curral). O leito segue passando onde foi edificada a casa, indo em direção a uma capineira e à Pedreira.
Na Pedreira, antigamente, o maciço rochoso descia até a margem do rio do Peixe, que passa ali, apertado. O corte em curva, dividiu a pedra em duas e prosseguiu, pelo pé do morro, gerando aterros e o corte, inacabado, que dava acesso à fazenda do Lãozinho. Para dar continuidade, foi necessário "retificar" o leito do rio, que passava bem em frente à atual fazenda, razão por que o local era conhecido como "Corta Rio". Mais adiante, ergueu-se com alvenaria de pedra duas cabeças de ponte, em frente à sede da fazenda. A partir desse ponto, até onde hoje está o Laticínio Serra Negra, gerou-se uma esplêndida reta, que segue, curva-se à direita, passa por outro corte e atinge a entrada da localidade conhecida como "Reserva". Curioso aí é observar um aterro inacabado no meio da várzea, que indica a continuidade do leito, que segue passando acima do hoje Campo do Santa Teresinha, Nego Nogueira, até o local conhecido pelos antigos como Armazém, onde as obras paralisaram, sendo retomadas anos depois, no sentido atual (Bairro Cruzeiro, Poço da Pedra, Perobas...)
Hoje o antigo leito é ocupado pela rodovia que liga Lima Duarte a Ibitipoca, aproveitando os esforços dos velhos ferroviários até adiante do campo do Santa Teresinha, pouco antes do José Borges, local antigamente conhecido como Armazém. O nome Armazém vem do fato de que ali funcionou durante os tempos da obra, o Armazém que abastecia de gêneros de primeira necessidade,os empregados da empreiteira das obras.
Cabeças de Ponte em frente à Fazenda do Lãozinho
Com os estudos para a pavimentação da estrada para Ibitipoca, muitos desses testemunhos deverão ser apagados ou visivelmente alterados. As fotografias aqui inseridas revelam restos das obras de drenagem ali executadas. Conheça-as, antes que acabem...
Com relação a esse trecho abandonado, permanecem dúvidas: onde a ferrovia atravessaria o rio? Na ponta do Triângulo de Reversão ou abaixo da Primeira Ponte? Quando as obras foram paralisadas? Qual o nome da Empreiteira? Perguntas a responder em outros tópicos!!

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